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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CARMÉNÈRE: DE EXTINTA À REPRESENTANTE DA VINICULTURA CHILENA

Carménère: de extinta à representante da vinicultura chilena

Originalmente era conhecida no séc. XVIII como "Grand vidure" mas essa designação sumiu no decorrer dos tempos. Devido á sua recente redescoberta (meados década de 90) no Chile, não há hoje vinhos Carménère de mais de 8 anos, mas é uma uva com grande potencial para guarda de 10, 20 anos, ou até mais.


Hoje, pode-se dizer que a Carménère é uma uva chilena, e lá encontra sua plena expressão, mas aparece também na Califórnia e na Argentina. Os vinhos são via-de-regra varietais, mas podem aparecer combinados com Cabernet Sauvignon, ou mesmo Shiraz. Alguns Tops chilenos usam Carménère em seu corte.

Para aqueles que já estão um pouco mais entrosados com o universo do vinho, quando se fala na uva Carménère, normalmente associa-se essa variedade ao Chile, pois se trata da casta emblemática daquele país. Mas você sabia que a Carménère era uma variedade considerada extinta e que só foi redescoberta em 1994?
A uva tem uma história bastante interessante. Originária de Bordeaux, região da França, foi destruída nos idos de 1880 por uma praga chamada Filoxera, que acometeu os vinhedos da Europa. Causada por um inseto, essa praga reduziu a produção francesa quase à metade naquela década. Depois de perdas supostamente irreparáveis, como a extinção da variedade Carménère, descobriu-se que a única defesa contra a praga da Filoxera era o enxerto de vinhas europeias nas raízes resistentes americanas, imunes à infestação. Todos os vinhedos europeus foram replantados desta forma.

Estudando as vinhas do Chile, em 1994, o pesquisador francês Jean-Michel Boursiquot observou que em algumas plantações a uva Merlot demorava mais a maturar. Depois de alguns testes, ele descobriu que a antiga variedade francesa Carménère havia sido cultivada junto com pés de Merlot.

O que provavelmente aconteceu é que os colonizadores europeus, bem antes da praga, trouxeram mudas de Carménère para o Chile e plantaram a variedade, tendo esta se adaptado muito bem às condições locais.

Levada por engano aos vales vinícolas chilenos, a Carménère se adaptou ao clima agradável e aos solos férteis obtendo êxito ao ponto de ser considerada uma das uvas mais importantes do Chile por sua qualidade e sabor excepcional. É no Vale do Colchagua onde está seu maior cultivo, que se mantém restrito ao Chile devido à fragilidade da cepa, que sobrevive graças ao bom clima e solo, mas, sobretudo, ao isolamento físico e geográfico criado por barreiras naturais como o Oceano Pacífico, o Deserto do Atacama, a Cordilheira dos Andes e as águas frias do provenientes do Polo Sul, que protegem essa região de pragas.

As mudas de Carménère sobreviveram no Chile pelo fato do país possuir a maior proteção natural do mundo. A Cordilheira dos Andes de um lado, o oceano Pacífico do outro, o Deserto de Atacama ao norte e os glaciais ao sul.

Os vinhos produzidos a partir da cepa Carménère possuem cor vermelha lilás, bastante profunda, aromas de frutas vermelhas, terra umidade e especiarias com notas vegetais que vão se suavizando na medida em que a uva amadurece na própria planta.

Os taninos são mais amigáveis e suaves que os do Cabernet Sauvignon. Notas vegetais tornam-no, porém menos elegante que um Merlot. Faz um vinho de corpo médio, fácil de beber e que deve beber-se jovem, quando apresenta sabor persistente que tende ao gosto de framboesa madura e beterraba doce.

Além disso, os vinhos feitos com esta uva são normalmente mais delicados e fáceis de tomar, agradando muito aos paladares femininos e também seduzindo os homens por dar origem a vinhos secos. Tem como características notas herbáceas, de frutas vermelhas e especiarias. Pode ser bebido jovem com prazer.

Então, quando abrir um Carménère lembre que além do vinho você está apreciando um pouco de história. No mínimo será uma boa curiosidade para contar aos amigos.