A IMPORTÂNCIA DAS BARRICAS DE CARVALHO NAS CARACTERÍSTICAS DOS VINHOS
A
passagem do vinho por barricas de carvalho faz com que o vinho adquira aromas
próprios da madeira, além de promover um afinamento de seus taninos e auxiliar
na sua estabilização. As principais características das barricas de carvalho
são a capacidade que elas têm de permitir que o vinho "respire"
através dos micros poros da madeira, executando a chamada micro oxigenação
.
.
A segunda função da barrica é atribuir ao vinho aromas que são próprios da madeira e se liberam mediante o aquecimento de sua superfície. Por isso as barricas são tostadas antes de receberem os vinhos. Dependendo do grau da tosta, diferentes aromas são conferidos à bebida, da baunilha a aromas mais intensos, como café. Por fim, a passagem em barricas auxilia o vinho em sua estabilização. Durante a micro oxigenação as moléculas de oxigênio que penetram na madeira e alcançam o vinho se ligam aos taninos mais rústicos e pesados, fazendo com que eles se precipitem no fundo da barrica. Com isso, no momento do engarrafamento do vinho, somente os taninos mais finos estarão presentes na bebida, garantindo ao vinho uma característica mais redonda e aveludada.
Historicamente,
já se utilizaram diversas espécies de árvores europeias para a produção de
pipas e barris de vinho, incluindo a acácia, faia, cerejeira, choupo,
castanheira entre outras. Porém no decorrer da história os produtores de vinhos
(franceses) descobriram que apenas as barris feitos de carvalho ou nogueira
transmitiam aromas adequados aos vinhos neles feitos.
Cada
uma destas espécies possui características totalmente diferentes. De uma forma
genérica o Carvalho Séssil é mais rico em substâncias aromáticas, como a
vanilina e metiloctalactona, ao passo que o Carvalho pedunculado contém
principalmente componentes fenólicos como os taninos. Já o carvalho americano
contém menos tanino que o carvalho pedunculado e mais componentes aromáticos.
Porém, precisam de um aquecimento forte e longo durante o processo de
fabricação e usados em períodos menores de maturação do vinho.
Apesar
de o Carvalho ser uma espécie com distribuição natural em vários países do hemisfério
norte. O Carvalho francês é geralmente considerado o melhor de todos para a
tanoaria.
O
uso do carvalho americano é relativamente recente, porém desde então vem sendo
muito apreciado, não apenas no continente americano, mas principalmente na
Espanha e Portugal e mais recentemente na África do Sul e Austrália.
O
uso de barricas americanas ou francesas na fabricação de vinhos reflete
diretamente no resultado final do produto. Enquanto as barricas francesas dão
toques mais sutis de madeira, as barricas americanas fornecem mais aromas de
baunilha, mas em compensação são mais agressivas ao passar os aromas para a
bebida, tornando-se inadequadas para estágios superiores a 10 meses. Para se
conseguir características de cada tipo de carvalho, um vinho pode receber
estágios nos dois tipos de barricas. Além do toque amadeirado, de acordo com a
tostadura do carvalho utilizado, os vinhos podem adquirir maior complexidade e
apresentar notas de café, especiarias, alcatrão, café e etc. Porém a
complexidade fornecida pela barrica nem sempre é alcançada com sucesso pelos
produtores de vinho.
Nem
todos os vinhos estão preparados para estagiar em madeira. Vinhos mais jovens,
leves e frutados não podem ser agredidos com excesso de madeira, porque ela
pode sobrepor o sabor de fruta e dominar os outros sabores do vinho. Se isso
acontece perde-se o equilíbrio entre madeira e fruta e o resultado torna-se
negativo.
Vinhos
que têm estrutura o suficiente para suportar madeira, ao passar por esse
estágio, têm aparadas as arestas dos taninos. Os vinhos com potencial de
envelhecimento, como os grandes vinhos de Bordeaux, por exemplo, também se
tornam mais complexos com a madeira, além do que, quando atingir a plenitude de
maturação, terão as características da madeira mais atenuadas.
É
bom lembrar que faz toda a diferença o fato do barril ser novo ou usado. Os
novos passam uma gama de aromas e sabores - já vistos - ao vinho, enquanto os
que têm alguns anos de uso são quase inertes. As empresas que buscam o toque de
carvalho em seus vinhos usam apenas barris novos ou de primeiro uso, no máximo,
segundo ou terceiro, raramente quarto uso. Depois de utilizados, normalmente,
os barris são vendidos para outros fins que não a vinicultura. Isso encarece
muito o processo, pois um barril francês de bom tanoeiro pode custar US$ 1000,
e um barril americano dificilmente sai por menos de US$ 500.
Como
já mencionamos, barris de carvalho são custosos e têm impacto direto do preço
final de uma garrafa. A conta é simples: um barril de US$ 600 novo, que
comporta 225 litros ou 300 garrafas, encarecerá o vinho, na origem, em US$ 2.
Se este valor for multiplicado cerca de três vezes por impostos e taxas, só o
barril significará US$ 6, ou cerca de R$ 10, no preço de prateleira de uma
garrafa. É fácil deduzir, então, que vinhos de menos de R$ 30 ou R$ 40
dificilmente passarão sequer perto de barris novos.
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