Qual tipo de taça você realmente
precisa?
Se você
está começando a se aventurar no mundo dos vinhos, certamente já se pegou em
frente a uma prateleira com diversas taças e pensou: "por que há tantos
tipos?" Para o iniciante, comprar uma taça é uma tarefa difícil, chega a
ser quase tão complicado quanto escolher o vinho. Mas, mesmo enófilos com
alguma experiência podem titubear diante da variedade.
Então,
a primeira atitude é entender por que há tantas taças de formatos diferentes.
Da mesma maneira que determinados tipos de roupa ajudam a valorizar o corpo,
para tirarmos o melhor proveito de uma garrafa de vinho também é necessário
escolher a taça ideal.
As
taças possuem basicamente três partes fundamentais: a base, a haste e o bojo.
Enquanto as duas primeiras não tem praticamente nenhum impacto sobre o vinho, o
tamanho do bojo pode influenciar a intensidade dos aromas, e seu o formato pode
direcionar a bebida para partes diferentes da boca e da língua. Alguns formatos
destacam a fruta, outros os taninos. Especialistas em vinho dividem as taças em
diversas categorias, algumas que podemos citar são: taças para vinho tinto,
taças para vinho branco, taças para espumantes e champagne.
Isso
porque, após muitos estudos, os recipientes foram desenvolvidos para conduzir o
vinho para a boca e o nariz de maneira a realçar cores, aromas e sabores do
fermentado, o que influencia no resultado. Para quem duvida, basta testar. Um
paladar minimamente aguçado sentirá a diferença ao beber um mesmo vinho em
taças completamente diferentes.
É comum
aconselhar que você tenha quatro modelos básicos: uma taça para brancos, duas
para os diferentes tipos tintos (Bordeaux e Borgonha) e uma para espumantes.
Sobre o
material utilizado para a fabricação da taça existem basicamente três opções:
de cristal, cristal de vidro ou vidro. A diferença entre elas é a presença e o
teor de chumbo, metal utilizado em sua produção. A de cristal tem até 24% de
chumbo, o cristal de vidro vem com cerca de 10% e o vidro não tem. O chumbo dá
mais leveza, delicadeza e sonoridade, além de fazer com que a espessura da taça
seja mais fina. As taças de cristal também são mais porosas. Esse fator também
é positivo, pois, ao girarmos um vinho enquanto o degustamos, forçamos as
moléculas contra a parede áspera, quebrando-as e, desse modo, obtendo grande
concentração de aromas.
TIPOS BÁSICOS DE TAÇAS
Para vinhos tintos
O vinho
tinto precisa de espaço para respirar, pois tem aromas e sabores muito
intensos. Por isso, a taça tem corpo grande, fazendo com que se libere toda a
sua potência. O formato também é ideal para que a bebida possa
"dançar". Por esse motivo, também é importante lembrar que ela deve
apenas ser preenchida até um terço de sua capacidade.
Existem
dois tipos comuns de recipientes de vinho tinto: Bordeaux e Borgonha, taças batizadas
com esses nomes por causa das famosas regiões produtoras da França.
Bordeaux
A taça
“Bordeaux” apresenta características que favorecem as uvas Cabernet Sauvignon,
Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Bainada e Tannat, já que por ser um copo mais
alto, de borda estreita e volume grande, é usado para os tintos ricos em
taninos. A aba fina direciona o vinho para a ponta da língua, permitindo que a
untuosidade e os sabores frutados dominem antes que os taninos sejam
direcionados para a parte de trás da boca.
Borgonha
Os
vinhos da Borgonha são mais complexos e concentrados, produzidos principalmente
com a uva Pinot Noir. Portanto, as taças são em formato balão (ou seja, com
bojo maior do que as Bordeaux) para que haja mais contato com o ar, o que
permite que o buquê se libere mais rapidamente. Este recipiente foi feito para
que o vinho explore muito o nariz. O formato direciona o fluxo acima da ponta e
do centro da língua, diminuindo a acidez e acentuando as qualidades mais
arredondadas e maduras do vinho. Além da Pinot Noir, também é ideal para que
sejam apreciados vinhos Rioja tradicional, Barbera Barricato, Amarone, Nebbiolo
etc.
Para vinhos brancos
As
taças têm corpo menor do que as para vinho tinto por dois motivos. Primeiro, o
vinho branco precisa ser consumido em temperaturas mais baixas e, portanto, em
um recipiente menor, que permita menos trocas de calor com o ambiente. Segundo,
porque precisa que sejam realçadas as notas de frutas. A aba estreita entrega o
fluxo do vinho através das áreas da língua com equilíbrio entre doçura e
acidez, crucial para os brancos.
Para vinhos Rosés
Os
vinhos rosés possuem os taninos dos tintos, mas os aromas dos brancos. Por esse
motivo, a taça costuma ser menor que a dos brancos, mas com bojo maior. Ela
deve acentuar a acidez do vinho, equilibrando assim sua doçura. Se não tiver
uma taça específica para rosés (poucas marcas possuem), pode usar uma para
vinho branco.
Para espumantes e/ou champagnes
Para um
Champagne ou um espumante comum, a taça adequada é a que chamamos de flûte, ou
flauta. Ela serve para que possam ser apreciadas as borbulhas, ou perlage. A
taça fina também direciona a efervescência e os aromas para o nariz, enquanto
controla o fluxo acima da língua, mantendo o equilíbrio entre a limpeza da
acidez e a saborosa profundidade. Quanto mais bojo tiver a taça, melhor, pois
se for reta demais no sentido longitudinal não irá realçar os aromas. Se o
Champagne for Cuvée ou de safra especial, faz-se necessário um recipiente com
corpo curvo, para que o apreciador possa sentir alguma fruta.
Taça ISO
Por
fim, existe a taça ISO (International Standards Organization), criada em 1970.
Ela é uma espécie de taça coringa, pois serve para todos os tipos de vinho. É
muito utilizada para degustações técnicas, para que possa ser mantida uma
referência entre diversos tipos de fermentado. Por isso, pode ser um dos
melhores modelos para começar o seu acervo. Ela é relativamente pequena e
totalmente cristalina. Seu bojo é maior e ela é fechada na parte de cima. É boa
especialmente para a parte aromática.
Como destacamos no início deste artigo, a grande quantidade
de tipos e tamanhos realmente dificulta a escolha pelo consumidor comum,
portanto as características básicas de boas taças que você não deve nunca
esquecer são:
Que tenha
“haste”: para evitar que o calor da mão entre em contato com o vinho e assim
esquentá-lo;
Transparentes,
de preferência fabricadas em cristal: a fim de garantir a perfeita visualização
do vinho e as características típicas do tipo, cor e idade do vinho;
Que
tenham “bojo”: bojos grandes o suficiente para ser possível a agitação da taça
e assim perceber a evolução dos aromas com a agitação. Realmente a diferença é
enorme;
Bojo
afinado na parte superior: para garantir a não dissipação e sim concentração
dos aromas do vinho no exame olfativo.
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