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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

QUAL TIPO DE TAÇA VOCÊ REALMENTE PRECISA?

Qual tipo de taça você realmente precisa?


                Se você está começando a se aventurar no mundo dos vinhos, certamente já se pegou em frente a uma prateleira com diversas taças e pensou: "por que há tantos tipos?" Para o iniciante, comprar uma taça é uma tarefa difícil, chega a ser quase tão complicado quanto escolher o vinho. Mas, mesmo enófilos com alguma experiência podem titubear diante da variedade.
                Então, a primeira atitude é entender por que há tantas taças de formatos diferentes. Da mesma maneira que determinados tipos de roupa ajudam a valorizar o corpo, para tirarmos o melhor proveito de uma garrafa de vinho também é necessário escolher a taça ideal.

                As taças possuem basicamente três partes fundamentais: a base, a haste e o bojo. Enquanto as duas primeiras não tem praticamente nenhum impacto sobre o vinho, o tamanho do bojo pode influenciar a intensidade dos aromas, e seu o formato pode direcionar a bebida para partes diferentes da boca e da língua. Alguns formatos destacam a fruta, outros os taninos. Especialistas em vinho dividem as taças em diversas categorias, algumas que podemos citar são: taças para vinho tinto, taças para vinho branco, taças para espumantes e champagne.
                Isso porque, após muitos estudos, os recipientes foram desenvolvidos para conduzir o vinho para a boca e o nariz de maneira a realçar cores, aromas e sabores do fermentado, o que influencia no resultado. Para quem duvida, basta testar. Um paladar minimamente aguçado sentirá a diferença ao beber um mesmo vinho em taças completamente diferentes.


                É comum aconselhar que você tenha quatro modelos básicos: uma taça para brancos, duas para os diferentes tipos tintos (Bordeaux e Borgonha) e uma para espumantes.
                Sobre o material utilizado para a fabricação da taça existem basicamente três opções: de cristal, cristal de vidro ou vidro. A diferença entre elas é a presença e o teor de chumbo, metal utilizado em sua produção. A de cristal tem até 24% de chumbo, o cristal de vidro vem com cerca de 10% e o vidro não tem. O chumbo dá mais leveza, delicadeza e sonoridade, além de fazer com que a espessura da taça seja mais fina. As taças de cristal também são mais porosas. Esse fator também é positivo, pois, ao girarmos um vinho enquanto o degustamos, forçamos as moléculas contra a parede áspera, quebrando-as e, desse modo, obtendo grande concentração de aromas.


TIPOS BÁSICOS DE TAÇAS


Para vinhos tintos


                O vinho tinto precisa de espaço para respirar, pois tem aromas e sabores muito intensos. Por isso, a taça tem corpo grande, fazendo com que se libere toda a sua potência. O formato também é ideal para que a bebida possa "dançar". Por esse motivo, também é importante lembrar que ela deve apenas ser preenchida até um terço de sua capacidade.
                Existem dois tipos comuns de recipientes de vinho tinto: Bordeaux e Borgonha, taças batizadas com esses nomes por causa das famosas regiões produtoras da França.



 Bordeaux

                A taça “Bordeaux” apresenta características que favorecem as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Bainada e Tannat, já que por ser um copo mais alto, de borda estreita e volume grande, é usado para os tintos ricos em taninos. A aba fina direciona o vinho para a ponta da língua, permitindo que a untuosidade e os sabores frutados dominem antes que os taninos sejam direcionados para a parte de trás da boca.

Borgonha

                Os vinhos da Borgonha são mais complexos e concentrados, produzidos principalmente com a uva Pinot Noir. Portanto, as taças são em formato balão (ou seja, com bojo maior do que as Bordeaux) para que haja mais contato com o ar, o que permite que o buquê se libere mais rapidamente. Este recipiente foi feito para que o vinho explore muito o nariz. O formato direciona o fluxo acima da ponta e do centro da língua, diminuindo a acidez e acentuando as qualidades mais arredondadas e maduras do vinho. Além da Pinot Noir, também é ideal para que sejam apreciados vinhos Rioja tradicional, Barbera Barricato, Amarone, Nebbiolo etc.


Para vinhos brancos

                As taças têm corpo menor do que as para vinho tinto por dois motivos. Primeiro, o vinho branco precisa ser consumido em temperaturas mais baixas e, portanto, em um recipiente menor, que permita menos trocas de calor com o ambiente. Segundo, porque precisa que sejam realçadas as notas de frutas. A aba estreita entrega o fluxo do vinho através das áreas da língua com equilíbrio entre doçura e acidez, crucial para os brancos.

Para vinhos Rosés

                Os vinhos rosés possuem os taninos dos tintos, mas os aromas dos brancos. Por esse motivo, a taça costuma ser menor que a dos brancos, mas com bojo maior. Ela deve acentuar a acidez do vinho, equilibrando assim sua doçura. Se não tiver uma taça específica para rosés (poucas marcas possuem), pode usar uma para vinho branco.

Para espumantes e/ou champagnes

                Para um Champagne ou um espumante comum, a taça adequada é a que chamamos de flûte, ou flauta. Ela serve para que possam ser apreciadas as borbulhas, ou perlage. A taça fina também direciona a efervescência e os aromas para o nariz, enquanto controla o fluxo acima da língua, mantendo o equilíbrio entre a limpeza da acidez e a saborosa profundidade. Quanto mais bojo tiver a taça, melhor, pois se for reta demais no sentido longitudinal não irá realçar os aromas. Se o Champagne for Cuvée ou de safra especial, faz-se necessário um recipiente com corpo curvo, para que o apreciador possa sentir alguma fruta.


Taça ISO


                Por fim, existe a taça ISO (International Standards Organization), criada em 1970. Ela é uma espécie de taça coringa, pois serve para todos os tipos de vinho. É muito utilizada para degustações técnicas, para que possa ser mantida uma referência entre diversos tipos de fermentado. Por isso, pode ser um dos melhores modelos para começar o seu acervo. Ela é relativamente pequena e totalmente cristalina. Seu bojo é maior e ela é fechada na parte de cima. É boa especialmente para a parte aromática.

Como destacamos no início deste artigo, a grande quantidade de tipos e tamanhos realmente dificulta a escolha pelo consumidor comum, portanto as características básicas de boas taças que você não deve nunca esquecer são:

             Que tenha “haste”: para evitar que o calor da mão entre em contato com o vinho e assim esquentá-lo;

             Transparentes, de preferência fabricadas em cristal: a fim de garantir a perfeita visualização do vinho e as características típicas do tipo, cor e idade do vinho;

             Que tenham “bojo”: bojos grandes o suficiente para ser possível a agitação da taça e assim perceber a evolução dos aromas com a agitação. Realmente a diferença é enorme;

            Bojo afinado na parte superior: para garantir a não dissipação e sim concentração dos aromas do vinho no exame olfativo.